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IX DOMINGO do TEMPO COMUM - 2 de Junho 2024 - ANO B

«O Filho do homem é também Senhor do sábado»

«O Filho do homem é também Senhor do sábado»

 

+  Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Mc 2,23-28)


Passava Jesus através das searas, num dia de sábado,
e os discípulos, enquanto caminhavam,
começaram a apanhar espigas.
Disseram-Lhe então os fariseus:
“Vê como eles fazem ao sábado o que não é permitido”.
Respondeu-lhes Jesus:
“Nunca lestes o que fez David,
quando ele e os seus companheiros
tiveram necessidade e sentiram fome?
Entrou na casa de Deus,
no tempo do sumo sacerdote Abiatar,
e comeu dos pães da proposição,
que só os sacerdotes podiam comer,
e os deu também aos companheiros”.
E acrescentou:
“O sábado foi feito para o homem
e não o homem para o sábado.
Por isso, o Filho do homem é também Senhor do sábado”.

Palavra da Salvação

 

Reflexão

retirado por padrepauloricardo.org


No Evangelho de hoje, Jesus proclama-se Senhor também do sábado. Que é o mandamento de guardar o sábado? Em que consiste esse mandamento, que está no Decálogo e que Deus entregou a Moisés e ao povo no Antigo Testamento?

Trata-se, em primeiríssimo lugar, de uma realidade que está na própria natureza das coisas. Nós precisamos dedicar tempo a Deus. Se fomos feitos para Ele, se verdadeiramente queremos amá-lo sobre todas as coisas, precisamos dedicar tempo à oração e ao encontro com Deus; mas, para ter tempo para Deus, precisamos “fazer” tempo.

Foi por isso que Deus, no Antigo Testamento, impôs esta lei, o mandamento de guardar o sábado. No Antigo Testamento, servia de pedagogia divina. Deus ensinou as coisas aos poucos, parte por parte. Em primeiro lugar, Ele ensinou a cessar o trabalho: “Vamos parar de trabalhar”; mas a essência do mandamento não era parar de trabalhar, a essência do mandamento era cessar o trabalho para — eis sua finalidade — prestar culto a Deus. Estar com Deus.

Sendo assim, nós sabemos, então, que existe no mandamento de guardar o sábado algo que é de sua essência, o seu núcleo, e algo de sua periferia, que é relativo e circunstancial. É por isso que nós, cristãos, quando cumprimos o mandamento (é o terceiro dos Dez Mandamentos) de guardar o sábado, não nos apegamos ao que é secundário, ou seja, ao simples deixar de trabalhar, senão que nos apegamos à essência, que é prestar culto a Deus.

Ora, uma vez que nós estamos no Novo Testamento e que Jesus ressuscitou no domingo, já não se guarda mais o sábado, mas o domingo, o dia do Senhor. (Aliás, a palavra “domingo” quer dizer exatamente isso, “dia do Senhor”.) Essa realidade do dia do Senhor está presente já nas Sagradas Escrituras. Se formos ler o livro do Apocalipse, iremos ver que São João teve a sua visão, suas revelações no dia do Senhor, no dia κυριακή [kyriakḗ], que é o dia dedicado ao κύριος [kýrios].

Pois bem, podemos dizer que houve uma evolução no sentido de que passamos do sábado para o domingo, mas a essência do mandamento continua a mesma. E qual é a razão de nós, cristãos católicos, “transferirmos” a observância do sábado para o domingo? A razão é bastante óbvia. Qual era a razão do sábado? Na criação, Deus fizera o mundo em seis dias e, no sétimo, descansou exatamente para dizer que nós também precisamos de descanso para estar com Deus e prestar-lhe culto.

No Antigo Testamento se prestava a Deus o culto no sábado por meio do repouso e do descanso. No entanto, esta é a obra da criação; na obra da redenção as coisas mudam. Por quê? Porque Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo, mas veio a má notícia: o homem pecou, então Deus saiu de seu descanso e veio ao nosso encontro.

É por isso que, quando Jesus “rompe” o sábado, diz ser o Senhor do sábado e permite aos seus operários, os Apóstolos, trabalharem no sábado, tudo isso tem um significado, ou seja, Deus saiu do descanso, veio ao nosso encontro, em busca do homem, a ovelha perdida, porque era autorizado que o pastor fosse atrás de uma ovelha perdida até mesmo em dia de sábado.

Então, aprendamos a essência do mandamento, que é a seguinte: dar tempo a Deus na oração. Isso era feito antigamente em dia de sábado, agora é feito no domingo. O domingo é o oitavo dia, o dia da “re-criação”, da redenção, quando Ele veio ao nosso encontro!



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