PRIMEIRO SÁBADO

MISTÉRIOS GOZOSOS

1.     O anúncio do anjo Gabriel a Maria Ss.ma

Maria disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).

É uma mulher, Maria, que, com o seu “sim”, permite que Deus entre no mundo, ser o Deus-connosco, o Homem-connosco. Deus apresenta-se como o Esposo e Maria, a Esposa, ensina-nos a acolhê-Lo. Porque, diante de Deus, toda a criatura é como Maria: uma esposa.

Cada alma deve aprender a entrar neste mistério da Esposa. A própria Igreja é fundamentalmente Esposa e Mãe. Ela é a mulher que traz o sagrado ao mundo. Por isso, “a Igreja dá graças por todas as mulheres e por cada uma delas: pelas mães, pelas irmãs, pelas noivas; pelas mulheres consagradas a Deus na virgindade; pelas mulheres dedicadas a tantos e tantos seres humanos, que esperam o amor gratuito de outra pessoa; pelas mulheres que velam pelo ser humano na família, que é o sinal fundamental da comunidade humana; pelas mulheres ‘perfeitas’ e pelas mulheres ‘fracas’, por todas: como saíram do Coração de Deus em toda a beleza e riqueza da sua feminilidade; como foram abraçadas pelo seu eterno Amor” (João Paulo II, Mulieris Dignitatem).

2.     A visita de Maria Ss.ma à sua prima Santa Isabel

“Maria ficou com ela cerca de três meses” (Lc 1,56). Maria Santíssima traz no seu seio o Filho de Deus e é o Amor que a leva “apressadamente” (Lc 1,39) a pôr-se ao serviço da sua prima idosa, que também espera um filho. Quantas pessoas, casais, famílias permanecem, hoje, sozinhas com os seus problemas. Em muitas das nossas casas, talvez já não tenhamos fome de um pedaço de pão, mas teremos alguém que não é desejado, não é amado, não é protegido….. é esquecido.

Maria Santíssima ensina-nos que o amor começa em casa. Quem ama tem vida e gera vida. Uma verdadeira civilização funda-se na alegria do dom da vida e no respeito que tem pelos seus membros mais fracos. O homem de hoje tem um grande medo do sofrimento e da morte. Afinal, quem é que gostaria de partir com dor? Então, o que nos é proposto é “morrer com dignidade” através da eutanásia. De modo algum! Sofrer e morrer com dignidade é sofrer e morrer sendo amado!

Os doentes são pedintes do nosso amor e da nossa compaixão.

Peçamos a Maria Santíssima, nós os sãos, esta capacidade de estar ao lado do seu sofrimento com amor, mesmo que seja apenas segurando a sua mão, como Ela fez com a sua prima Isabel. A resposta à eutanásia é o amor que se dá até à morte!

3.     Jesus nasce na pobre gruta de Belém

“Ela deu à luz o seu filho primogénito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,7).

É preciso muita coragem para ser pai e mãe de família hoje. É preciso ter uma alma forte, uma virtude que impele a fazer coisas grandes, para ousar a aventura de uma família cristã. No século XXI, ser pais cristãos e empenhar-se na educação cristã dos filhos é, por vezes, um martírio quotidiano, porque é preciso enfrentar o desprezo do mundo, sobretudo quando se opta por dar a vida. É preciso enfrentar a precariedade e a incerteza do amanhã. Mas os pais têm uma grande missão! Eles são a grande esperança para o mundo e para a Igreja! E o sorriso e a alegria inocente das crianças são o dom mais belo que Deus dá aos pais! Por isso, é necessário que os pais sejam firmes, agarrados à fé. É com a sua fidelidade ao ensinamento de Cristo sobre o amor humano e a família, é com os seus gestos quotidianos de amor que os pais lançam sementes de esperança para o futuro do homem.

Rezemos a Maria Santíssima e a São José por todas as famílias, especialmente por aquelas que se encontram em crise ou em dificuldades.

4.     O Menino Jesus é apresentado no Templo

“Levaram o menino a Jerusalém para o oferecer ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor” (Lc 2,22).

Cada homem traz inscrita na sua consciência uma lei natural, que é a expressão da verdade do nosso ser homem. E esta lei natural - que nos diz também o que é o bem e o que é o mal - é a condição para o desenvolvimento da nossa liberdade. Só quando vivemos de acordo com esta lei, inscrita na nossa consciência, que é a gramática da nossa natureza, é que somos verdadeiramente e plenamente felizes. E a Igreja, quando nos chama a esta lei natural, não o faz para dominar as nossas consciências e reprimir a nossa liberdade, mas para guardar humildemente precisamente as condições da sua liberdade e da sua felicidade. Quando a Igreja defende a vida das crianças contra o aborto, quando defende o matrimónio contra a coabitação, o divórcio e as relações entre pessoas do mesmo sexo, quando quer proteger a dignidade dos doentes terminais contra a tentação da eutanásia, quando adverte contra o perigo das ideologias de género e do transhumanismo, está de facto a colocar-se ao serviço da dignidade e da sacralidade do ser humano.

Peçamos a Maria Santíssima que nos ajude a sermos sempre fiéis à Verdade de Deus e de nós mesmos.

A perda e o encontro de Jesus entre os doutores do templo

E ele respondeu: “Porque me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me da casa de meu Pai?” (Lc 2,49). Jesus, já adolescente, vive com alegria e amor esta relação de filiação com Deus Pai; e toda a sua vida é um “sim” amoroso à vontade do Pai. Também nós somos criaturas de Deus, também nós somos filhos de Deus e vivemos em relação com este Pai que nos ama. E a nossa dependência d'Ele é viver no espaço do seu Amor, descobrirmo-nos constantemente amados por Ele. A verdade do nosso ser humano está nesta experiência alegre de não nos termos feito, mas de existirmos porque Alguém nos quis e nos amou. “O Senhor chamou-me desde o ventre de minha mãe, desde o ventre de minha mãe pronunciou o meu nome” (Is 49,1), declara o profeta Isaías.

Com Maria, neste mistério, agradecemos a Deus o grande dom do Batismo, pelo qual nos tornámos seus filhos e membros da Igreja.