6ª Etapa: PANCOLE/MONTIGNOSO/ CASCIANI

de Ivone Delca

Ora, depois da grande peregrinação por Roma onde, como já puderam ler visitámos tantos lugares santos, e tivemos também a graça de poder rezar junto dos túmulos de grandes santos, seguimos a nossa viagem rumo aos lugares onde nasceu o nosso Movimento, a FCIM. Do nosso seminário em Roma seguimos viagem até Pancole, onde ficamos a dormir.

A chegada à comunidade de Pancole, pessoalmente, foi algo que me marcou nesta viagem! Chegámos lá cansadíssimas, com sono em atraso e as horas já iam tardias. A somar ao cansaço, estávamos todas sujas da vigília de Tor Vergata, e, não sei de todas, mas eu naquele momento só desejava um chão para dormir... Em vez disso, ao entrarmos na casa da comunidade, pude contemplar tantas irmãs e postulantes de braços abertos e com um sorriso enorme para nos receber! Eu esperava 10 e recebi 100 enquanto ali estive. Recebi acolhimento de uma casa, e conforto de uma família que nos acolheu. Todas elas com uma generosidade incrível, e uma entrega total para nos servirem servindo-O a Ele. E foi com este cheirinho a casa que dormimos a primeira noite em Pancole.

No dia seguinte acordei de uma forma muito especial! Se na manhã anterior, tinha acordado com uma adrenalina imensa porque estava a passar o Papa, literalmente ao nosso lado, na manhã seguinte despertei com uma alegria grande no coração, porque tinha junto de mim duas almas que me são muito queridas: a noviça Beatriz e a noviça Mafalda! Acordei e dei-lhes um abraço forte, forte, porque foi como se tivesse encontrado ali duas irmãs. Descemos para tomar o pequeno-almoço, e de um kit com enlatados que nos haviam dado para comer na vigília, encontrámos uma mesa cheia! Como se uma mãe se tivesse levantado mais cedo para preparar com tanto cuidado e amor o pequeno-almoço para os seus muitos filhos. Comemos todas ali entre irmãs e depois juntaram-se a nós os rapazes para irmos juntos visitar o Santuário de Pancole. Aquele santuário nasce mesmo deste amor de Mãe que acabei de descrever. Nasce de uma Mãe providente que se preocupa e que não deixa morrer os seus filhos, e que nunca os abandona. Naquela terra, para além daquele santuário, nasce também algo muito importante para o nosso Movimento, a primeira casa oficial das Servas do Coração Imaculado de Maria.

Depois de passarmos a manhã naquela terra maternal, fomos almoçar à comunidade de Montignoso, que também nos fez um acolhimento incrível! Almoçamos ali todos juntos como uma grande família, com os padres, as irmãs, e nós jovens. Depois seguimos para uma pequena cidade que, por ser pequena e de estilo medieval, quase parece uma vila: San Gimignano. Lá pudemos ter a oportunidade de visitar uma igreja muito bonita (tal e qual como todas em Itália) onde estavam os restos mortais de Santa Fina - uma santa que confesso que não conhecia, mas que, agora que fui junto dela é alguém no céu a quem posso rezar e que poderá interceder por mim! Fomos também comer um belo de um geladinho, porque o que seria da nossa viagem a Itália se não víssemos o Papa e não comêssemos um gelado! E depois voltamos para a comunidade. Celebramos a Santa Missa naquele santuário tão querido ao nosso fundador e ao nosso Movimento, e lembro-me de pensar... Uau, ele esteve aqui, o nosso fundador passou aqui e viveu aqui. Lembro-me de sentir gratidão por estar a pisar e poder contemplar os mesmos sítios onde ele viveu.

Mais à noite tivemos a graça de poder visitar e contemplar o presépio de Montignoso, construído pelas nossas comunidades! É lindo vê-lo, e é particularmente belo de noite, onde fica todo iluminado. Poder ver cada pedaço da história da humanidade, da nossa história, desde Adão e Eva até à ressurreição é de facto vermos fisicamente a história da salvação, a história do amor de Cristo, e como Ele nos amou e continua a amar. Aquelas imagens não eram só simples estátuas, aquelas figuras pareciam mesmo vivas, brilhavam! E foi marcante de facto ver cada estação da vida de Jesus, desde a sua aprendizagem com São José, até ao Calvário onde se encontra com sua Mãe, e por fim vê-Lo todo glorioso na ressurreição.

Por último, a nossa paragem final foi pelo berço da nossa FCIM: Casciani. Este lugar é muito querido para o nosso Movimento, porque foi onde nasceu o nosso querido fundador, onde construiu as suas memórias e histórias de infância, e foi ali também naquela pequena terra onde se sentiu chamado a oferecer ”florinhas” (pequenos sacrifícios) para poder reparar o coração de Nossa Senhora. Tivemos também a graça de poder rezar junto do seu túmulo, junto daquele que nos deu um Carisma para viver, junto do nosso pai fundador.

Assim terminámos a nossa grande peregrinação que foi verdadeiramente uma graça imensa vivida com tantos irmãos na fé. Fomos desde Portugal, a Lurdes, até chegarmos a Roma onde pudemos pisar os pilares da Igreja e ver o sucessor de Pedro, e por fim visitar também os lugares onde nasceu a nossa grande Família. Sim, porque somos de facto uma Família, e como é belo sê-lo! Ninguém chega ao céu sozinho, e Jesus deu-nos irmãos e irmãs que nos ajudam a caminhar para chegar ao céu, muitas vezes carregando a Cruz para nos ajudar a tornarmos santos. E estes irmãos temos a oportunidade de estar com eles sempre, ou seja não precisamos de ir necessariamente ao Vaticano ou visitar tantos santos de renome para chegarmos ao céu, basta simplesmente com humildade, paciência, e com muita caridade amar os nossos irmãos, porque se pensarmos bem esta é receita simples que Ele nos deixou: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!”.