Ao dar início a mais uma Quaresma

de Maria de Jesus Medeiros Isidro

Esperava ansiosamente a chegada destes dias, não só pelo tempo especial da Quaresma que iniciámos na passada Quarta Feira, mas também porque eu própria, por diversas circunstâncias, sentia-me necessitada de beber desta Água e desta grande Graça e poder saciar a minha sede.

Nestes 2 dias, que embora curtos foram muito ricos,  fomos tal como Jesus para o “Deserto”, não no sentido de provação, mas tal como diz o Papa Francisco,  “deserto” como o lugar do "essencial" longe do ruído de tudo o que nos rodeia habitualmente, para fazer silêncio, um silêncio que alivia e eleva a alma, que liberta de tantas coisas, permitindo ouvir-nos , ouvir Deus,  saciar-nos de Deus, com a Sua Palavra e com a Sua Presença, que nos permite  refletir sobre nossa caminhada espiritual e perceber o sentido de cada acontecimento na nossa vida e de encontrar sempre em Cristo esse sentido Único para tudo o que fazemos, somos e temos.

Fomos convidados a fazer Quaresma com os Pastorinhos, a refletir nas suas virtudes, especialmente na Fé, Esperança e Caridade e em como duas pequenas crianças nos podem ensinar tanto, a nós adultos.

Perceber que à semelhança do que Nossa Senhora perguntou aos Pastorinhos “Quereis oferecer-vos a Deus?”, também a nós, diariamente diante dos nossos sofrimentos e debilidades, nas nossas angústias, Deus pergunta-nos: Querem oferecer-vos a Deus? Querem dar sentido profundo à vossa vida, elevando-vos para o que é realmente importante? Querem unir-se à minha paixão nos vossos pequenos sacrifícios e dores diárias?

Que grande dom e que grande Graça poder ter a oportunidade de ter estes “pequenos” grandes mestres para nos guiar na Quaresma e também na nossa vida. A ensinar-nos a manter a fé verdadeiramente enraizada em Cristo, a elevar o nosso coração para Deus e a manter Nele fixo o nosso olhar.  De, no profundo do nosso ser, alimentarmos a certeza e a esperança que mesmo no meio das mais violentas tempestades do mundo, que tudo ameaçam destruir, mesmo quando nos deixamos amedrontar pelas provações da nossa vida, a esperança mantém-nos em paz de espírito, a paz que ninguém no mundo pode dar a não ser Cristo, a certeza de que somos filhos muito Amados e assim poder dizer: “Quem poderá separar-nos do Amor de Cristo?”

Ao terminar este retiro ecoam no meu coração estas palavras de Santa Jacinta:

“Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro no peito a queimar-me e a fazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e de Maria!”

Quem dera todos pudessem experimentar!